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A origem de Bane: Final



Este não é o fim. É apenas o início.

A terceira e última parte da origem de Bane é apenas o primeiro acontecimento da grande saga que se seguiu. E o que você aprendeu até agora? Resumindo os dois últimos textos, você viu que Bane nasceu dentro de uma prisão, mas que isso não o enfraqueceu. Pelo contrário, ele aceitou que sua vida seria um processo contínuo de superação e crescimento. Mesmo nos momentos mais difíceis, não cedeu à religiosidade, pois sabia que tinha o poder de se tornar algo maior movido simplesmente por sua vontade.

Bane é um Super Homem.

“Hein? Super-Homem”? Sim. O papel de Bane na Nona Arte é muito maior do que o de um simples vilão das histórias do Batman. Ele é uma representação cultural dos conceitos de Friedrich Nietzsche (1844-1900) sobre as capacidades intrínsecas do ser humano de se superar e evoluir continuamente, não se tornando inerte à vida, por mais mísera que ela seja. Ao se deparar com sua condição, Bane não buscou refúgio em doutrinas religiosas. Pelo contrário, reavaliou seus valores e buscou a superação por meio de produção intelectual e aperfeiçoamento físico, não descansando nem um dia sequer. Superação não é um processo dividido em etapas, com início, meio e fim. É um processo diário, interminável.

E como Bane continuou esse processo? Agora que ele estava livre, poderia dar continuidade à sua existência nada filantrópica. Veja a seguir os fatos que precederam o primeiro encontro entre os encapuzados de Gotham.

O monstro encontra o morcego

Estando do lado de fora de Pietra Dura pela primeira vez, Bane sabia que ainda não poderia desfrutar de sua liberdade. Havia algo a ser feito, e para isso ele precisaria voltar à prisão. As circunstâncias, porém, seriam outras: ele não voltaria para ser pego, mas voltaria para pegar aquele que tanto o humilhara.

Depois de reunir os companheiros que o ajudaram em Pietra Dura, Bane captura o diretor da prisão. Tendo suas exigências atendidas pelo governo, ele consegue um helicóptero militar que asseguraria sua fuga. Além de seus seguidores, levou consigo um passageiro temporário: o diretor da prisão, que por muito tempo o desafiou a morrer e não obteve êxito. Mas Bane, superando-se cada vez mais, mostra que morrer não é nada difícil. E assim, o diretor de Pietra Dura foi jogado aos tubarões.

O destino de Bane não seria outro a não ser Gotham, mas ainda não era hora de encontrar o “dono do pedaço”. Durante alguns meses, Bane e seus companheiros trabalharam para garantir o anonimato do grupo na cidade, através de identidades falsas obtidas por Pássaro. Além disso, precisavam garantir a sobrevivência do líder do grupo, que agora era dependente do veneno. Trogg, usando seus conhecimentos em eletrônica, e o enfermeiro, usando a amostra da fórmula que surrupiara durante o experimento na prisão, conseguiram criar um dispositivo que injetaria a substância no cérebro de Bane de acordo com sua necessidade. O aparelho e os tubos de alimentação foram colocados em uma máscara, a tão conhecida máscara do vilão, um único instrumento que alia anonimato, medo e sobrevivência. Ele estava em sua melhor forma. Era hora de agir.

Bane, Pássaro, Trogg e o enfermeiro invadiram o prédio de Novak, mafioso que no passado havia conspirado contra Pássaro, seu antigo sócio. Um encontro que a princípio nada teve de cívico, com algumas ofensas e narizes quebrados. Mas tudo se acalmou quando Novak soube do objetivo de Bane: matar o Batman. É claro que ele tentaria tirar proveito da situação, pois o propósito de Bane só iria trazer benefícios à máfia de Gotham, que por muito tempo tentou eliminar o homem-morcego. Novak propôs uma sociedade entre os grupos e eles logo descobriram que precisariam de uma isca para atrair o homem. E o que é necessário para atrair o melhor detetive de Gotham?

Um crime. Só que Novak não sabia que seria a vítima desse crime. Seus capangas foram estripados e ele, também conhecido como Jimmy “sem nariz” Novak, perdeu suas orelhas, seus olhos e sua vida. Os primeiros detetives a chegarem à cena do crime sabiam que esta seria uma situação diferente, pois aparentemente havia gente nova na área de Gotham. O que fazer? Chamar Gordon, para que Gordon chamasse mais alguém.


Batman chega à cena do crime e é vigiado de longe pelo grupo. Pássaro e os outros acham que atacar sorrateiramente era o melhor a se fazer, mas esse não é o tipo de atitude de Bane. Ele sabia que para derrotar o homem-morcego era necessário um talento apurado, e assim impediu um ataque precipitado.

Gordon tinha algumas suspeitas sobre as possíveis causas do crime. Era uma situação bem diferente, pois nenhuma guerra entre gangues jamais havia deixado mortos com tanto requinte de crueldade. Batman precisava buscar pistas, e ao explorar a vida noturna de Gotham atrás de indícios, foi seguido por Bane. O restante do grupo não o acompanhou, pois ele queria enfrentá-lo sozinho. O morcego que tanto atormentou seus sonhos não poderia cair nas mãos de mais ninguém.

Uma das primeiras pistas que Batman seguiu o levou à academia dos irmãos Franklin, líderes de uma gangue local. Fazendo sua entrada sempre triunfal, regada à escuridão e ataques repentinos, o homem-morcego surpreendeu os capangas do local e eliminou-os com facilidade. Ver esse ataque foi muito mais revelador do que Bane esperava, pois a maneira como Batman agiu levantou questionamentos. Ele não só não matava os bandidos, como também tentaria evitar que eles morressem. Um dos capangas estava prestes a cair de uma marquise, mas foi salvo pelo homem-morcego.

Observando-o de longe, Bane pôde ver que a criatura imponente na noite de Gotham City fazia jus ao seu nome. Era habilidoso e tinha regras que não pretendia quebrar. Porém, em um momento de deslize, Batman se esqueceu de um dos criminosos, e por pouco não levou um tiro pelas costas. Bane impediu o ataque, e assim se mostrou. Era o momento que ele tanto esperava. Ficar cara a cara com o morcego que tanto o visitou em seus sonhos e pesadelos. Mas antes de pensar em destruir a criatura, era necessário conhecê-la.


Batman logo soube que aquele que estava à sua frente não era um criminoso comum. Não obteve resposta ao perguntar seu nome, mas Bane deixou bem claro que em breve ele teria essa resposta, e nesse dia iria implorar por piedade. Ambos tiveram de sair do local rapidamente, pois a polícia havia chegado. Mas aquele breve encontro foi o bastante para incitar o imaginário dos dois.

Após averiguar o local, a polícia constatou que apenas um dos capangas estava vivo, e este afirmou que o responsável pela chacina era o Batman. Mas o detetive responsável pela investigação sabia que isso não era de seu feitio.

De longe, agora perto de seu grupo, Bane observa a figura do Batman se afastar. Ao ser questionado sobre o porquê de ter permitido que o homem-morcego escapasse, Bane alega que não o deixou escapar, mas deixou-o viver. Ele então percebe que seu objetivo é muito maior do que apenas destruir o morcego. Conhecer o Batman é conhecer a cidade que ele protege. Bane precisava descobrir todos os segredos do homem-morcego, e assim decifrar o mistério da cidade que ele agora almejava conquistar: Gotham City.

Foi dada a largada e o que se viu foi um dos maiores embates já vistos nos quadrinhos. A origem de Bane dá início a uma das maiores sagas já lançadas pela DC Comics, chamada Batman: Knightfall (A Queda do Morcego). O enredo foi grande de influência para o terceiro filme da trilogia cinematográfica de Christopher Nolan, Batman: The Dark Knight Rises, lançada em 2012. Bane já foi representado no cinema na década de 90, no filme de Joel Schumacher, Batman & Robin. As duas adaptações diferem bastante, mas isso é assunto para outro texto. Caso tenha interesse em conhecer mais sobre Bane, não deixe de ler a saga citada. Tenho certeza de que você irá se surpreender ainda mais.

Cheers

Fonte: Batman: Vengeance of Bane #1

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