Justiceiro Batman: Cavaleiros Mortíferos

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Essa imagem é sensacional, concorda? Não pelo fato de o Justiceiro ter acertado um soco no meio da testa do Batman, até porque a gente não sabe o que aconteceu depois. Digo, eu sei, pois eu já li. Então, o que torna essa imagem fantástica? Se você ainda não encontrou um motivo, é melhor parar por aqui. Ou melhor, continue lendo, mas só depois de se lembrar do que você já leu sobre Frank Castle e Bruce Wayne aqui com a gente.

Como assim? Você ainda não leu nada? Tudo bem, eu não entendo, mas é necessário que você leia. Clique aqui e aqui para se contextualizar e volte mais tarde, ok?

Agora que você já sabe quem são esses dois, tudo deve ficar mais claro. Mais escuro, melhor dizendo, pois tudo é sombrio quando se trata de Batman e Justiceiro. Eles são anti-heróis, são justiceiros e tem motivações no mínimo semelhantes. E depois de escrever sobre Batman: Ano Um e Justiceiro Massacra o Universo Marvel, tomei um gosto peculiar pelos dois. Mas esse texto que escrevo agora não estava em meus planos. Motivo? Simples: não sabia que isso seria possível, pois desconhecia esse encontro. Apesar de já ter pensado “como seria se eles se encontrassem?”, julgava que isso ficaria no Mundo das Ideias de Platão. Como disse, não sabia. Não sabia que eles já tinham se encontrado uma vez, e fiquei feliz ao descobrir isso por obra do acaso.

E agora eles estão ali, dividindo o mesmo quadrinho... Ou seria mais correto dizer que eles estão “disputando” o mesmo quadrinho? Vou deixar você mesmo tirar suas conclusões depois de ler Justiceiro Batman: Cavaleiros Mortíferos.

Pense em um lugar que você odeia. Aquele lugar que você visitou uma vez, mas a experiência foi tão espinhosa que você faria de tudo para evitar um segundo encontro. Pode ser uma cidade, ou um bairro, ou até mesmo a casa de alguém. Aposto que não seria nada fácil ver-se forçado a retornar, mesmo que um por período bem curto. E seria ainda mais penoso retornar por causa de um problema, não seria? Bem, essa é a relação do Justiceiro com Gotham City. Eles definitivamente não foram feitos um para o outro. Mas graças ao Retalho, Frank Castle se vê obrigado a visitar mais uma vez aquele inferno de prédios, máfia e corrupção.

E o que é Gotham City? Gotham tornou-se um enfermo contaminado pela máfia, pela corrupção e pelo medo. Porém, a cidade tem seu protetor: esse território pertence ao Batman. O homem-morcego jurou protege-la, seguindo seus códigos e suas regras, e o retorno do Justiceiro à cidade pode colocar isso em risco. Batman não permitiria que sua cidade caísse nas mãos de um protetor-assassino, pois assim todos os seus códigos seriam quebrados. Sim, o Justiceiro é um assassino. É isso que os torna tão diferentes. É essa maneira díspar de resolver as coisas que os torna awesome.

Você aí, meu amigo, que está lendo este texto, onde você se sente mais seguro? Eu acredito que em sua casa, correto? Lá você sabe como as coisas funcionam e tem sua própria maneira de lidar com os problemas, com os impasses, sejam eles triviais ou complexos. Como você reagiria se alguém lhe dissesse que sua casa é muito grande, que talvez você precise de ajuda para cuidar de tudo, e lhe mostrasse outro modo de resolver os problemas?

Imagine uma casa com uma quantidade absurda de papel acumulado, ocupando muito espaço e gerando problemas. Como você resolveria essa situação? Se você fosse o Batman, você mandaria tudo para a reciclagem. Se você fosse o Justiceiro, você queimaria todo o papel.

Fazer o que é correto e agir de acordo com sua conduta e integridade, ou se livrar de uma vez por todas do problema, desconsiderando os meios e as conseqüências? Esse é o perigo que ronda o encontro desses dois anti-heróis. Batman tem apenas uma regra: ele não mata seus inimigos. Já o Justiceiro, resolve tudo mandando chumbo. Batman é cauteloso; o Justiceiro é brutalmente inconsequente. São dois mundos muito divergentes, e quando eles tentam ocupar o mesmo espaço... CATA PUUM!

Não podemos nos esquecer da causa desse encontro. O Justiceiro foi a Gotham porque seu inimigo, o Retalho, também estava lá, e já estava na hora de acabar com essa história. Chegando a Gotham, ele descobriu que o Retalho estava tentando dominar a máfia do local. Mas espera um pouco... O Retalho? Como alguém como o Retalho poderia conquistar alguma coisa em Gotham? Ele não faz parte desse nicho e não tem influência nenhuma sobre o local. Ele precisaria da ajuda de alguém e...

O Coringa, meu caro. Aquele mesmo Coringa que gosta de ver o circo pegar fogo; o palhaço psicopata. Ele sabe o que se passa em Gotham e sabe com lidar com os mafiosos do lugar. Se o Retalho quer alcançar o topo da escória, o Coringa é o degrau que ele precisa. Ou será que o Retalho é o degrau que o Coringa precisa? O fato é que eles têm algo em comum: querem destruir seus maiores inimigos, e eles podem atrair ambos se “trabalharem juntos”.

Resultado disso tudo? Bem, acho que você já deve imaginar. O conflito que surgiu poderia dar início à Terceira Guerra Mundial, se você considerar o número de tiros, explosões e corpos caídos. Coringa e Retalho querendo dominar a máfia da cidade, Justiceiro mandando bala para tudo quanto é lado, e Batman tentando amenizar o estrago, dando socos no meio de tiroteios. O Justiceiro “cavalga no ódio”. Batman busca defender sua cidade por métodos lícitos. E assim, o dilema perdura.

Sim, o dilema que dá corda a essa história e torna-se mais delicado quando os dois anti-heróis estão cara a cara. Qual seria a melhor opção para dar fim à algazarra que atormenta a cidade? Afinal de contas, eles estão do mesmo lado, certo? Apesar de agirem seguindo constituições distintas, ambos buscam dizimar a nuvem de imundice que paira sobre Gotham. Mas, uma coisa me chamou bastante a atenção.

Repararam no sinal que separa o nome “Justiceiro” do nome “Batman”? Então, é isso mesmo. Não há sinal, e isso perturba sua mente, admita. Por quê? Você, assim como um bom número de leitores, está acostumado a ver aqueles dois sinais categóricos: “&” e “VS”. Parceria e oposição, aliança e rivalidade. São padrões com os quais temos bastante contato. Mas aqui, as coisas são um pouco diferentes. Esses padrões não podem ser aplicados a essa história, ou a esse encontro. Batman e Justiceiro não são antagonistas, mas ao mesmo tempo não andariam juntos. Então, como a relação dos dois pode ser definida? Eu não revelarei a minha definição, pois não quero interferir em sua leitura. Mas te desafio a chegar a chegar a uma conclusão. Talvez seja isso que Marvel e DC Comics esperam que aconteça com essa leitura.

A história Justiceiro Batman: Cavaleiros Mortíferos foi escrita por Chuck Dixon e lançada em 1996. A HQ uniu os anti-heróis mais famosos da Marvel (Justiceiro) e DC Comics (Batman). Se você que não está muito acostumado com esse tipo de crossover, essa HQ é uma boa pedida. Talvez você se assuste um pouco, ou ache os traços incomuns. Como lidar com isso? Bem, não sei. Mas sei como Batman e Justiceiro receberiam sua opinião: Batman irá te chamar para uma conversa; o Justiceiro vai quebrar sua cara. O que você prefere?

Sinopse

Retalho escapou das mãos do Justiceiro, mas permanece escondido em Gotham. Continuando sua caçada ao vilão com a ajuda de Microchip, Frank Castle retorna à cidade e arma uma verdadeira guerra particular contra bandidos e a força policial. Desta vez, o verdadeiro Batman é quem tomará as rédeas da situação, para colocar um basta definitivo no conflito.

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